"Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece, E as estrelas lá no céu Lembram letras no papel, Quando o poema me anoitece. A aranha tece teias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê?" Razão se ser - Paulo Leminski
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
num compasso desafinado.
Não sei como me mantive em pé
nem quando, nem onde...
Nem por que me desafiavam
(as pernas, o compasso)
No alto falante - estourado
do peito
a acústica do teu olhar
me fez tremer por dentro.
Meu corpo quente escorria
aos prantos
Confesso que os nervos
queimaram meu estômago
Até sair pela boca."
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Agita - çãozinha
duzentos e vinte e três e vinte e quatro e vinte e cinco ...
& as pernas enfraquecendo a cada degrau somado.
Bato na porta. Abre. Entro.
A cama, a sacada, o Gato, ele, a água...
- Na caneca, pode ser?
-Ah! Claro, ta ótimo.
...
Abestalhada fala alguma coisa!!!
Fala...
da lua.
Não! Da lua não!
É muito cedo pra falar da lua.
Ah! Fala do tempo, todo mundo fala.
É... todo mundo.
Mas fala pouco(!),
não como sempre sem pausa alguma quase sem respirar engasgada
com as palavras atropelando os sentimentos.
Calma! Se não estraga tudo & espanta o guri.
Vai te achar louca.
Louca de pedra! Louca varrida!
Que beija gatos, chega suando, ofegante
e toma água na xícara verde de plástico
& gosta.
Fala da noite.
Diz que ta quente, que ta boa, fresca, clara... que a lua ta linda, pede se ele viu.
Não!!! A lua não!
Não fala da lua ainda! Espera.
A lua tem hora pra falar...
Fala do dia.
Que foi quente
& agradável. Que bom mesmo era
ter ido pro-meio-do-mato-pescar ou
deitar-no-chão-e-olhar-o-céu-azul-com-nuvens
de desenho animado.
...que o tempo tá bom & pede se chove...
Logo o tempo.
(que passa e enrasca a gente)
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Só vejo pessoas cinzas.
Transeuntes que trocam a alma
por carne
todos os dias.
Mulheres que só tem sobrenome.
Homens compostos apenas de cifrões.
Crianças estúpidas & adestradas,
rebolando num solene vai-vem.
Adolescentes barulhentos,
cheios de uma loucura sem sentido.
Rostos & pernas & mãos
Todos iguais
Embriagados pela culpa coletiva:
respeitando leis;
acatando gritos.
Seguindo exemplos.
Com as línguas encharcadas de palavrões:
Ditando regras;
Cuspindo ordens.
Pra um mundo que caminha
Sem saber pr'onde vai."
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Eu podia te ver perambulando pela cozinha certeiro & silencioso. Te espiei ambientar o espaço enquanto fingia fazer uma coisa & outra. Preparou o disco, as taças, a garrafa & os bancos no canto da mesa. Todos os elementos cuidadosamente postos para compor uma noite ensaiada há - pelo menos - quatro meses.
É claro que eu não quis acabar com a ânsia que te apresentava com 18 anos. Querias que eu te esperasse baixar a agulha , sentar-se & a cender um cigarro depois de sacar com prazer a rolha do vinho. O teu mistério me envolveu tanto que fazia as borboletinhas voarem sôfregas na barriga.
Embora eu tivesse vigiado teus movimentos, te encontrei com olhos de guria & sorriso amável para retribuir. Por um instante me senti num primeiro encontro.
Nenhuma palavra foi dita enquanto eu me sentava de vagar, sem deixar teus olhos brilhantes fugirem dos meus olhos bobos.
Somente a Billie melancólica quebrava o som do mundo que dormia.
Estava tudo no tempo perfeito. Então me deixei levar pelo teu ritmo...até um beijo demorado de saudade. & a Billie foi calando-se delica da m e n te. Baixa a luz, fecham-se as cortinas. Fim do primeiro ato."
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Meus dotes andam em baixa!
Me sinto paralela
Nem conto com o mundo,
pq não pertenço mais a ele.
Não tenho mais cenas,
Estou à parte.
Mortalmente esquecida dentro da vitrine da vida.
Do roteiro,
mudou quase nada...
Caminham todos a passos de formiga,
nem eles sabem pra onde. Seguem
regras & mitos.
Abatem-se por muito pouco,
muito menos do que as "vacas de presépio".
Não fazem mais canções,
Mal sabem escrever seus nomes.
Confundem pintos & bucetas
com paixões.
Vivem vagos & ocos,
tristes loucos alienados.
Nada é são neles...
Não conseguem me tirar daqui.
Nem as drogas;
Nem o álcool;
Nem a droga do cigarro!
Nem meu pobre coração.
O mundo vem se repetindo...
Se repartindo.
Aquela velha tosse contínua?
Continua.
Embora silenciando aos poucos.
As crises é que pioraram,
& as dores na alma também."