Emoções & Baratas
"Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece, E as estrelas lá no céu Lembram letras no papel, Quando o poema me anoitece. A aranha tece teias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê?" Razão se ser - Paulo Leminski
domingo, 10 de abril de 2011
Nos dias de hoje...
pela noite vazia
A vida para na esquina
e pede uma dose.
Senta no balcão
e balbucia algum infortúnio
(confusão)
Olha no espelho:
- Uma espinha!
...
E se foi a vida.
domingo, 27 de março de 2011
Terminal Urbano I
no relento
sol
passar de saia
No deserto
que virou meu
eu
te arrancava
o pano comprido
Comprimindo
meus - longos - sentidos
vesti o ônibus.
Como tu.
domingo, 24 de janeiro de 2010
Do buraco no estômago que me consome até o cerne
A sujeira das compridas avenidas me dá vida
Um misto de amor & ódio
De estar aqui e em lugar nenhum
Enquanto minhas veias estouram corpo à dentro
Sinto tesão pelo sujo
Quero a boca das prostitutas de vermelho tinto
Tingindo de vinho a minha roupa pálida
Quero as ruas esquálidas à minha disposição
Quero que brote do âmago dos transeuntes
Suas ridículas peculiaridades
Quero gritos & roupas amassadas
Sussurros ao pé do ouvido
Lambidas
Ruídos
Grunhidos
Quero ratos & baratas de esgoto
Perambulando petulantes pelas avenidas
Quero o lado podre da vida
Quero o SER humano
Nú
Crú
Apenas Sendo."
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
num compasso desafinado.
Não sei como me mantive em pé
nem quando, nem onde...
Nem por que me desafiavam
(as pernas, o compasso)
No alto falante - estourado
do peito
a acústica do teu olhar
me fez tremer por dentro.
Meu corpo quente escorria
aos prantos
Confesso que os nervos
queimaram meu estômago
Até sair pela boca."
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Agita - çãozinha
duzentos e vinte e três e vinte e quatro e vinte e cinco ...
& as pernas enfraquecendo a cada degrau somado.
Bato na porta. Abre. Entro.
A cama, a sacada, o Gato, ele, a água...
- Na caneca, pode ser?
-Ah! Claro, ta ótimo.
...
Abestalhada fala alguma coisa!!!
Fala...
da lua.
Não! Da lua não!
É muito cedo pra falar da lua.
Ah! Fala do tempo, todo mundo fala.
É... todo mundo.
Mas fala pouco(!),
não como sempre sem pausa alguma quase sem respirar engasgada
com as palavras atropelando os sentimentos.
Calma! Se não estraga tudo & espanta o guri.
Vai te achar louca.
Louca de pedra! Louca varrida!
Que beija gatos, chega suando, ofegante
e toma água na xícara verde de plástico
& gosta.
Fala da noite.
Diz que ta quente, que ta boa, fresca, clara... que a lua ta linda, pede se ele viu.
Não!!! A lua não!
Não fala da lua ainda! Espera.
A lua tem hora pra falar...
Fala do dia.
Que foi quente
& agradável. Que bom mesmo era
ter ido pro-meio-do-mato-pescar ou
deitar-no-chão-e-olhar-o-céu-azul-com-nuvens
de desenho animado.
...que o tempo tá bom & pede se chove...
Logo o tempo.
(que passa e enrasca a gente)
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Só vejo pessoas cinzas.
Transeuntes que trocam a alma
por carne
todos os dias.
Mulheres que só tem sobrenome.
Homens compostos apenas de cifrões.
Crianças estúpidas & adestradas,
rebolando num solene vai-vem.
Adolescentes barulhentos,
cheios de uma loucura sem sentido.
Rostos & pernas & mãos
Todos iguais
Embriagados pela culpa coletiva:
respeitando leis;
acatando gritos.
Seguindo exemplos.
Com as línguas encharcadas de palavrões:
Ditando regras;
Cuspindo ordens.
Pra um mundo que caminha
Sem saber pr'onde vai."