domingo, 10 de abril de 2011

Nos dias de hoje...

De volta,
pela noite vazia
A vida para na esquina
e pede uma dose.
Senta no balcão
e balbucia algum infortúnio
(confusão)
Olha no espelho:
- Uma espinha!
...
E se foi a vida.

domingo, 27 de março de 2011

Terminal Urbano I

Te vi fresquinha
no relento
sol
passar de saia

No deserto
que virou meu
eu
te arrancava
o pano comprido

Comprimindo
meus - longos - sentidos
vesti o ônibus.

Como tu.

domingo, 24 de janeiro de 2010

" Sinto nojo do vazio que me corrói

Do buraco no estômago que me consome até o cerne


A sujeira das compridas avenidas me dá vida


Um misto de amor & ódio


De estar aqui e em lugar nenhum


Enquanto minhas veias estouram corpo à dentro


Sinto tesão pelo sujo


Quero a boca das prostitutas de vermelho tinto


Tingindo de vinho a minha roupa pálida


Quero as ruas esquálidas à minha disposição


Quero que brote do âmago dos transeuntes


Suas ridículas peculiaridades


Quero gritos & roupas amassadas


Sussurros ao pé do ouvido


Lambidas


Ruídos


Grunhidos


Quero ratos & baratas de esgoto


Perambulando petulantes pelas avenidas

Quero o lado podre da vida


Quero o SER humano




Crú


Apenas Sendo.
"

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"Cantarolavam as pernas bambas
num compasso desafinado.
Não sei como me mantive em pé
nem quando, nem onde...
Nem por que me desafiavam
(as pernas, o compasso)

No alto falante - estourado
do peito
a acústica do teu olhar
me fez tremer por dentro.
Meu corpo quente escorria
aos prantos

Confesso que os nervos
queimaram meu estômago
Até sair pela boca."

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Agita - çãozinha


duzentos e vinte e três e vinte e quatro e vinte e cinco ...

& as pernas enfraquecendo a cada degrau somado.

Bato na porta. Abre. Entro.

A cama, a sacada, o Gato, ele, a água...

- Na caneca, pode ser?

-Ah! Claro, ta ótimo.

...


Abestalhada fala alguma coisa!!!


Fala...

da lua.

Não! Da lua não!

É muito cedo pra falar da lua.

Ah! Fala do tempo, todo mundo fala.

É... todo mundo.


Fala do livro.

Mas fala pouco(!),

não como sempre sem pausa alguma quase sem respirar engasgada

com as palavras atropelando os sentimentos.

Calma! Se não estraga tudo & espanta o guri.


Vai te achar louca.

Louca de pedra! Louca varrida!

Que beija gatos, chega suando, ofegante

e toma água na xícara verde de plástico

& gosta.


Fala da noite.

Diz que ta quente, que ta boa, fresca, clara... que a lua ta linda, pede se ele viu.

Não!!! A lua não!

Não fala da lua ainda! Espera.

A lua tem hora pra falar...


Fala do dia.

Que foi quente

& agradável. Que bom mesmo era

ter ido pro-meio-do-mato-pescar ou

deitar-no-chão-e-olhar-o-céu-azul-com-nuvens

de desenho animado.

...que o tempo tá bom & pede se chove...


Logo o tempo.

(que passa e enrasca a gente)


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

"De manhã
Acordei dormindo
Desolada olhei pro lado
Não era vazio.
De olhos entreabertos li sonhando
Adormeci (escolhendo o sonho)
No ombro esguio do papel que te representava.
Quase não acordei mais...

Antes do meio-dia (já)
Eu morria de saudade."

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"Hoje?
Só vejo pessoas cinzas.
Transeuntes que trocam a alma
por carne
todos os dias.
Mulheres que só tem sobrenome.
Homens compostos apenas de cifrões.
Crianças estúpidas & adestradas,
rebolando num solene vai-vem.
Adolescentes barulhentos,
cheios de uma loucura sem sentido.
Rostos & pernas & mãos
Todos iguais
Embriagados pela culpa coletiva:
respeitando leis;
acatando gritos.
Seguindo exemplos.
Com as línguas encharcadas de palavrões:
Ditando regras;
Cuspindo ordens.
Pra um mundo que caminha
Sem saber pr'onde vai."